7 de jun. de 2012

Crítica: Madagascar 3: Os Procurados

Posted by Thaís Colacino On 04:00 1 comentários

 
Madagascar 3: Os Procurados (85 min.) é um filme que, diferente de ser somente um caça níqueis (mas sem deixar de ser), coloca um ponto final na história dos animais que fugiram do zoológico de Nova York. Apesar das melhoras estéticas, é inferior aos filmes anteriores tanto em desenvolvimento quanto em história.

A história começa onde a anterior parou: os pinguins estão indo para Monte Carlo no (incrível) avião construído pelos macacos para comemorar a lua de mel de um dos pinguins. Enquanto isso, Alex, Marty, Gloria e Melman, novamente insatisfeitos com o local onde se encontram, voltam ao plano original: voltar para Nova York, nem que tenham que nadar até Monte Carlo e pedir carona para os pinguins. E sim, eles o fazem.


Chegando lá, assustam toda a população, afinal, são animais de grande porte em um cassino. Entra em cena a capitã francesa Chantel DuBois, terror dos animais, que quer a cabeça do leão para adornar a parede dela. Curiosamente, Chantel se comporta exatamente como um animal caçando, cheirando pistas e ultrapassando qualquer obstáculo com uma cabeça dura (derrubando paredes ou por teimosia mesmo). Outro fato interessante na concepção dela é que parece fisicamente uma aranha: tem pernas e braços finos, mas um traseiro avantajado. Não posso afirmar que isso foi premeditado, já que a maioria dos humanos apresenta alguma particularidade na forma (cabeça maior ou menor, pés que não sustentariam um corpo, etc) e porque Chantel não age como uma aranha, nem figurativamente. O tema da capitã é nada menos que “Non je ne regrette rien” (não me arrependo de nada) de Edith Piaf. O filme inclui ainda uma cena em que Chantel assassina a música ao cantá-la para seus ajudantes.

Para fugir os animais se juntam a um circo que fará turnês na Europa e depois, com sorte, nos Estados Unidos. Os pinguins compram o circo (quer dizer, o hilário rei de Versailles compra o circo), que passa a ser somente dos animais, sem humanos (eles comentam sobre circos sem animais). O interessante é que para o filme, animais em um cassino é assustador, mas dirigindo e apresentando um circo, fugindo com dinheiro, entre outras coisas, é normal. “Mas tinha macacos disfarçados”, sim tinha, mas eles não apresentavam os números circenses...


Com tantos novos personagens, o filme acaba por perder um pouco de foco dos principais e torna os inevitáveis conflitos problemas rasos e de menor importância. Gloria e Melman servem simplesmente para ocupar espaço na tela, enquanto Martin é novamente (e somente) o alívio cômico. Alex, como sempre, é o líder insatisfeito que inspira a todos. O problema do tigre Vitaly é até compreensível, mas é só Alex falar dois minutos com ele que todo um trauma de anos é curado. Outro conflito é a “traição” dos animais nova-iorquinos, que mentiram para os circenses. Oh, o drama.

Os personagens coadjuvantes dos filmes anteriores têm menos espaço neste filme. Os pinguins são os que resolvem os maiores problemas, como transporte, dinheiro e... bem, isso. O rei Julian é praticamente um DJ. Toda vez que ele aparece alguma música ou trecho é tocada com o intuito falho de fazer a plateia rir. De fato, a música tem grande papel no filme: a todo o momento alguma toca ou alguém canta. E se a pegajosa “I like to move it” ficou na cabeça por anos desde o primeiro e segundo filme, tornando-se marca registrada da série, não podia deixar de aparecer neste, misturada com a música do circo, acredito que não deixará a mente de ninguém por semanas.

A ambientação digital do filme é linda: apesar do estilo quadrado dos humanos e animais, os cenários são quase reais, tamanha beleza e perfeição. A diferença da luz e sombra em ambientes internos e internos são perfeitas e as de dentro do circo tem um ar etéreo próprio do ambiente. As cenas em que Julian e Sonya, a ursa, rodam Roma, são magníficas e bem fiéis à cidade. As cenas do circo, particularmente coloridas e brilhantes, lembrando uma rave, também são muito belas. O 3D também é bem utilizado: por muitas vezes há cenas que jogam algo na cara dos telespectadores e a profundidade também é aproveitada.


Madagascar 3 parece ser o último filme, uma vez que, aparentemente, os animais encontraram a felicidade. Podemos dizer que eles são uma metáfora da humanidade: sempre desejosa da felicidade, acaba por encontrá-la não onde procura ou deseja, mas por acaso e não aceitando de primeira. Estão sempre à procura de uma nova aventura, de uma alegria plena que parece que nunca será alcançada. E se isso quer dizer mais continuações inferiores que deem dinheiro, os produtores a farão, mesmo que a aventura tenha tido um bom final.

* Por algum motivo, a dublagem do trailer é diferente daquela do filme. A música de Marty do circo altera o “de bolinha” (trailer) para “pocotó” (filme), assim como outras, como do rei Julian.

1 comentários:

Olá Thaís,

Gostei muito de sua crítica e gostaria de saber se tem interesse em publicá-la no CinePOP.

Aguardo um contato.

Abs,

Renato@cinepop.com.br

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