22 de mar. de 2012

Era Uma Vez: Eu Mato

Posted by Thaís Colacino On 18:06 0 comentários

" - Eu não consigo dormir de noite, porque meu sofrimento nunca acaba.
  - E nessas noites, o que faz para se livrar do seu sofrimento?
  - Eu mato..."


E é assim que o assassino em série "Ninguém" começa a aterrorizar a pacífica Montecarlo, ligando para o programa de rádio mais ouvido no país e dando pistas musicais dos crimes criativos que irá cometer. Cabe então a um detetive local e o amigo deste, um agente do FBI que estava descansando, tentarem desvendar os crimes.

O interessante do livro é que, diferente de outros romances policiais, mesmo depois de revelada a identidade do assassino, ainda há cerca de 200 páginas, com caçadas para impedir novos crimes e para entender os motivos do assassino, continuando com suspense e com ritmo ainda melhor do que o começo. Isso se deve ao fato que "Ninguém", o assassino, tem uma construção magistral.

"Ninguém" tem um motivo para se apelidar assim (mas não posso falar) e é o típico vilão que é mais empático que o protagonista. Por causa de sérios problemas psicológicos desenvolvidos no passado ele faz o que faz, mas é tão inteligente, criativo e com um motivo tão esquisito que é difícil não gostar dele e ansiar pelos capítulos que são só dele e de sua cabeça deturpada (e que têm nomes interessantes).

Apesar de não fixar-se em um personagem para a narrativa, o protagonista é o agentedo FBI Frank Ottobre, que está lá para passar um tempo com o amigo detetive já citado. Frank tem um ótimo desenvolvimento, como todos os personagens, moldados pelo passado, seja por traumas ou culpa, mas o autor, Giorgio Faletti, insiste em colocar uma trama completamente desnecessária que parece estar lá só para seguir a já conhecida jornada do herói com contas pessoais para acertar. Cria-se um interesse amoroso improvável e sem muito sentido, ainda mais quando não parece haver nenhuma química entre os personagens. O impasse é: ele se apaixona pela irmã de umas vítimas, cujo pai é importante no exército americane e não está contente com a demora em pegar o assassino, além de ter um guarda-costas truculento. Dispensável.

Para escrever Eu Mato, Faletti fez uma intensa pesquisa em Montecarlo e deixa isso claro no livro: há muitas descrições, de paisagens a carros e músicas. Ele também parece ter uma predileção por traumas que os pais possam infligir nos filhos, em seu outro livro, Eu sou Deus, há algo disso no serial killer. Mas temos que admitir: Faletti sabe como criar títulos que chamam a atenção.

Apesar de algumas falhas, é um livro intrigante, com detetive e assassino muito inteligentes e que é difícil de largar.


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