2 de fev. de 2012

Era uma vez: O Festim dos Corvos

Posted by Aline Guevara On 18:17 0 comentários


O Festim dos Corvos, que chega às livrarias brasileiras a partir desta segunda-feira (06/02), marca uma mudança significativa na saga As Crônicas de Gelo e Fogo. O quarto livro da série de George R. R. Martin segue um ritmo diferente e apenas parte dos personagens que acompanhamos nos primeiros volumes aparecem por aqui. Isso significa que em Festim não temos capítulos sob o ponto de vista de Jon, Tyrion, Daenerys, Bran e Davos. Inicialmente, este livro pretendia fazer um salto no tempo de três anos em relação ao final de A Tormenta das Espadas, mas, após começar a escrever, o escritor percebeu que estava fazendo muito uso de flashbacks para relatar os eventos transcorridos nesse meio tempo e decidiu que precisaria contar essa história.

Para evitar um livro grande demais (lembrando que A Tormenta já tinha 884 páginas), Martin prosseguiu a história de apenas metade de seus personagens, deixando o futuro dos outros para A Dança com Dragões, o quinto da série. Outro ponto de mudança neste livro é o uso de uma estratégia com a qual o escritor já havia flertado nos livros anteriores: a inserção de capítulos de outros personagens para narrar o que está ocorrendo em outro ponto da história. Em Festim, no entanto, vemos capítulos esporádicos de várias pessoas, no intuito de nos situar do que está acontecendo nas Ilhas de Ferro e em Dorne. Além disso, duas personagens muito conhecidas também ganham seus próprios pontos de vista: Cersei e Brienne.

A fúria dos reis já passou, a tormenta de suas espadas derramou muito sangue e várias cabeças, e o que sobrou para Westeros é justamente um farto banquete para corvos, de todas as espécies. O continente está em frangalhos, destruído e sendo devorado por carniceiros (o que nos lembra da visão que Daenerys teve na casa dos magos, no segundo livro: a mulher nua sendo atacada e mutilada por ratos), como podemos acompanhar pelos capítulos de Brienne, que desbrava o território em busca de Sansa, para cumprir as promessas feitas a Catelyn e Jamie. E apesar de parecer monótona inicialmente, a história da jovem guerreira ganha força e sua conclusão deixa qualquer um de boca aberta e coração na mão.

Jamie se fortalece cada vez mais como um personagem querido ao público e seu sarcasmo e inteligência nos supre de alguma forma à ausência de Tyrion. Além disso, o comandante da Guarda Real está mudando, uma vez que a obsessão pela irmã é cada vez menor e seu verdadeiro caráter começa a ser posto a prova. Falando em Cersei, se havia alguma dúvida de que a leoa era tão ignorante quanto detestável, nada mais resta depois deste livro. Se auto proclamando rainha regente após a morte do pai, seus capítulos só são interessantes porque retratam o centro da política de Westeros (da para sentir falta de Tywin Lannister no poder).

Arya deixou Westeros e partiu para a cidade livre de Bravos, utilizando a moeda que lhe foi dada por Jaqen H’agar. Lá ela encontra a misteriosa comunidade dos homens sem rosto e começa um treinamento que mudará de vez sua vida e talvez dê um rumo para a menina perdida. Sam parte da Muralha em direção a Vilavelha cumprindo ordens de Jon Snow, mas a viagem em direção ao sul não será livre de percalços. Sansa, a loba sem loba... A garota Stark está no Ninho da Águia sobre a proteção de Mindinho e passa a acompanhá-lo enquanto ele age à surdina traçando seus planos.

(Spoilers do livro abaixo)

Enquanto isso, nas Ilhas de Ferro... deixamos de acompanhar o que ocorria com Balon Greyjoy e seus aliados depois do fim dos capítulos de Theon, mas a situação lá está longe de estar tranquila. Com a morte repentina do lula gigante, os habitantes do local precisam escolher outra pessoa para assumir a coroa de ferro. Mas enquanto vemos a disputa pelos olhos do sacerdote Cabelo Molhado, Asha Greyjoy e Victarion Greyjoy, o mais velho dos lulas, o terrível Euron “Olho de Corvo” reaparece para assumir o posto do falecido irmão. E se seus planos megalomaníacos de conquistar toda Westeros assustam (será que os homens de ferro realmente têm esse poderio?!), a possibilidade de ir atrás de Dany e controlar seus dragões com o chifre encontrado nos destroços da antiga Valíria é de arrepiar (corra Dany, corra!).

Dorne, a região do calor, dos vinhos, do sangue quente, da pele parda... e também da família que pode mudar o jogo de tronos que vem sendo jogado em Porto Real. Com uma revelação final surpreendente, Doran Martell explica a filha herdeira Arianne que o clã pretende dar um golpe no governo Lannister e conduzir a volta de Dany ao poder com todo o exército dornense por trás. Para isso, o príncipe Quentyn Martell é enviado atrás da Mãe de Dragões para propor-lhe o acordo por meio de um casamento entre os dois. Ao longo do livro vamos descobrindo Dorne através de diversos olhos, como os do capitão da Guarda Real Areo Hotah, do cavaleiro protetor de Myrcella Lannister, Arys Oakheart, e, principalmente, da princesa Arianne. É muito interessante perceber que há jogadores além de Mindinho e Varys. Ponto para Doran: parabéns, você avança três casas no tabuleiro.

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