23 de jan. de 2012

Perdidos no Espaço da TV: Sherlock

Posted by Thaís Colacino On 22:02 0 comentários

- Cale a boca.
- Eu não falei nada.
- Mas está pensando, é irritante.

Apesar de ser um diálogo mais propício de ser visto em House, a fonte é Sherlock, série da inglesa BBC ambientando o mais famoso detetive nos dias atuais. Com uma temporada de três (sim, três) episódios cada (está indo para a terceira) e com uma hora e meia de duração, a série mostra um Sherlock um tanto entediado (nos dias atuais, com tamanha estupidez no mundo, quem não estaria?), um tanto narcisista e arrogante, que muito lembra House, e que acredita (com razão) que está cercado de idiotas (o que, novamente, lembra House).

O primeiro episódio mostra bem a ambientação atual: Sherlock é praticamente viciado em SMS, utilizado para, inclusive, tirar com a cara da imprensa e da polícia (mas que para ele, com certeza, é apontar os erros óbvios de dedução e elucidar uma plateia). Também mostra que algumas coisa mudaram, como o vício em nicotina (mas que também sugere outras drogas), que o protagonista tem que se virar para manter em uma cidade que praticamente não é hospitaleira com fumantes. A tecnologia é empregada também pelos antagonistas, que não revelarei nomes para não dar spoilers.

Com cores tipicamente londrinas - ou seja, cinzentas-, Baker Street ganha dois novos moradores após um brevíssimo encontro. Watson, o já conhecido médico veterano de guerra e buscando adrenalina, é tragado para o mundo de Sherlock e todas as esquisitices que o acompanham o protagonista. Sim, pois nos dias atuais, ele não é um detetive particular, mas simplesmente alguém que presta assistência a polícia quando eles não têm pistas, o que ocorre com certa frequência.

Sherlock é, portanto, visto como um possível psicopata - apesar de corrigir os policiais dizendo ser somente um sociopata (e assexuado)-, principalmente por ficar extremamente feliz quando um assassinato engenhoso ocorre ou talvez por expor seus pensamentos em voz alta falando com um crânio, que é substituído por Watson. 

A personalidade excêntrica do Sherlock da série é muito parecida com a do Sherlock dos filmes atuais, com experimentos que, para o público comum, são considerados bizarros (o traje no cinema e olhos no microondas na série, por exemplo). Outro fator em comum é mostrar como o pensamento do detetive funciona: na série, as observações mentais de Sherlock são colocadas na tela (jóias limpas, roupas molhadas), assim como todo o caminho de Londres e possíveis empencilhos que um carro possa ter e o local exato onde encontrá-lo através de um atalho.

A série começa com "A Study in Pink", que é baseado em "Um estudo em vermelho". Até Rachel e "Rache" está lá (se você leu, você lembra), assim como a suposição de um terceiro e da refutação de Sherlock nesse quesito. Apesar dos diálogos bem construídos e da rapidez das pistas e deduções do protagonista, é estranho para o público ver que ele, com uma pista óbvia na frente dele, não resolve o caso em segundos. O pensamento dele é exposto em uma série de imagens desnecessárias, pois se o espectador não descobriu o resultado assim que a Sra. Hudson fala, então, de fato, Sherlock está correto em pensar que está cercados de idiotas. Nos outros episódios, porém, isso é corrigido e a série fica cada vez melhor.
Apesar desse pequeno porém, é uma série divertida e inteligente, que dá uma nova versão do detetive favorito de muitos, com personagens carismáticos e em uma ambientação diferente. Já entrou para sua lista de "devo conferir"?

Adendo: O Moriarty da série lembra muito mais o vilão do livro, indo pelas sombras e atacando Holmes aos poucos, sem compaixão. Digno de ser o gênio do crime temerário tão conhecido dos livros.


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